terça-feira, 1 de dezembro de 2009

Crônica #23: Trapped

Muito bem, estamos dentro do prazo! Capítulo 23... Demorei? Acho que não, hein, Al? :x
Boa leitura!


Não houve pausa, não houve um momento sequer para pensar em uma estratégia. Os três primeiros encapuzados avançaram rapidamente, cada um portando uma espada. Defendi imediatamente antes de um deles acertar meu ombro, esquivando e, em seguida, rasgando sua capa na altura do pescoço. Meu adversário caiu, agonizante, e pude ver que sangue fluía de sua pele, escorrendo pela capa, e pelo chão.
O encapuzado que falara anteriormente estalou os dedos, e mais um deles saltou da “platéia” que se formara, vindo diretamente para mim. Chutei-o para longe, tentando pensar e ver se meu noivo e Roberto estavam bem. O primeiro acabara de derrubar seu adversário, cortando-lhe o braço, enquanto o segundo avançava animadamente na direção de um encapuzado já no chão, furando-lhe o peito.

- O que foi? Só estou garantindo que ele não vai reviver e virar um ghoul – disse Andolini, quando percebeu meu olhar de incredulidade.

Percebi aquele que eu havia chutado aproximando-se novamente, e, sem hesitar, enfiei a adaga fundo em seu ventre. O próximo veio logo atrás, mirando meu pescoço, e eu desviei o golpe, girando e atingindo-o pelas costas. Enquanto isso, Mikhail despedaçava mais um deles, implacável como eu nunca o vi, e Roberto mirava a cinquedea na cabeça de um encapuzado cuja mão sangrava terrivelmente. Estávamos indo bem.
Mas eu sabia que não poderíamos ficar assim pra sempre. O número de encapuzados não parecia diminuir nem um pouco, e, após derrotar sucessivos adversários, o cansaço já era evidente em meu noivo e Andolini, que se esforçavam para manter o ritmo. Eu poderia agüentar mais. Mas e eles?
Rasguei o peito de outro encapuzado com minha adaga. Estava ficando cansada de lutar como uma humana. E então, decidi.

- Mika, Roberto... Tentem não se aproximar de mim, sim? – falei-lhes, alto o suficiente apenas para a minha voz sobrepor-se ao som do choque entre metais.
- Sophy, o que vai...? – Mikhail aparou um golpe de um inimigo que quase o pegara distraído, enfiando a espada em sua barriga em seguida, derrubando-o. Estava arfando, cansado.
- Vou pegá-los... A minha paciência acabou.

Fechei os olhos brevemente, tentando me concentrar. Senti que havia mais um adversário correndo para mim. Com sorte, conseguiria detê-lo a tempo. Só mais um pouco...

- Sophia!

E o inimigo chegou até mim, no momento que abri os olhos, desferindo um golpe em direção ao meu rosto. Esquivei-me como pude, não conseguindo evitar um arranhão. E simplesmente toquei-lhe o pulso. E ele caiu, morto.
Nessa hora, os encapuzados da platéia levantaram-se.

- Ela está usando poderes... Vão! Detenham-na! – ordenou o chefe, e imediatamente sete encapuzados saltaram em minha direção.

Soltei minha adaga no chão. A partir de agora, usaria apenas as mãos. Movimentava-me fluidamente entre os adversários que avançavam contra mim, tocando-os nos braços, costas, cabeças, em qualquer lugar. E um após o outro, eles caíam. Depois, fui até os membros que restavam na platéia, saltando, girando, tocando-os. Desviando de seus golpes como podia. Até que não restava mais nenhum. Até chegar ao chefe.

- Muito bem... Agora está sozinho. Vai nos dizer onde está o seu senhor... Ou terei de recorrer a algum método mais... Convincente?

Olhava-o fixamente, observando cada movimento que fizesse, cada respiração. Subitamente, o encapuzado-mestre riu.

- Senhor? Eu não sei onde está. E mesmo que soubesse, eu nunca diria! Trabalhamos por ele, e morreremos por ele, para depois renascermos. E teremos vida eterna! Quanto a vocês... Coisas muito piores os aguardam. Agora... A eternidade me espera!

O encapuzado tirou rapidamente do bolso da capa um punhal de prata, enfiando-o em seu ventre, rasgando-o. Caiu no chão, com um urro de dor. Estava morto antes mesmo que eu o pudesse tocar. Caí de joelhos, e Mikhail e Andolini correram pra mim.

- Sophy... Está... Tudo bem? – meu noivo estendeu a mão para mim, me olhando, apreensivo.
- Sim... Eu estou... – hesitei um pouco, mas em seguida peguei sua mão, e ele me ajudou a erguer-me – Apenas um pouco cansada.

Andolini entregou-me minha adaga, que eu havia deixado para trás, e eu agradeci, guardando-a.

- Vamos embora daqui – ele disse, olhando ao redor – Acho que não há mais nada a ser feito.

Mikhail e eu assentimos, e, apoiados uns nos outros, sangrando e exaustos, fomos para a saída.