quinta-feira, 11 de março de 2010

Crônica #29: The Sacrifice

Oi, pessoas! O capítulo de hoje é especial, uma verdadeira bomba! Sim, senhores, estamos no ápice da história! Tomara que apeciem, trabalhei duro nele para fazê-lo o mais odiável possível *cof* escreveuemduashoras *cof cof* Enjoy! ;D


Andava lentamente pelo corredor, sozinha, a mente ocupada demais para reparar aonde meus pés me levavam. As anotações do diário de Christian paravam no dia 17. Dia da morte de Laura, segundo meu noivo havia dito. Mas havia mais. Os relatos mostravam que, dia após dia, o jovem cientista perdia sua sanidade, chegando ao ponto de desprezar vidas. Tudo em nome de um ideal. Uma "promessa".
Quando finalmente me dei conta, estava na porta de meu quarto. O sol acabara de se pôr, e eu decidira sair da biblioteca para pensar, enquanto Mikhail ficou para pesquisar um pouco mais. Nos encontraríamos novamente no jantar.
Tratei, então, de poupar um pouco de energia. Entrei no quarto, tomei banho e me preparei para o jantar. As 19h, desci para a sala, encontrando Christian e Roberto já à mesa, o segundo tagarelando alegremente, enquanto o primeiro apenas ouvia, interessado. Cumprimentaram-me com acenos, e eu apenas sorri, sentando perto deles.
Mikhail chegou logo após eu ter me sentado, e estava taciturno. Não olhou diretamente para nenhum de nós, apenas murmurou um cumprimento e sentou conosco. E assim foi o restante do jantar. Apenas Andolini e nosso anfitrião conversavam, e eu observava, quieta, o comportamento anormal de Mikhail. Ao fim da janta, deixamos Christian e nos reunimos novamente no quarto de Roberto.

- Ele é incrível, exatamente como eu pensava que fosse! - exclamou o pesquisador, satisfeito.
- Talvez seja... Mas não esqueça... - suspirei - Ele matou muitas pessoas. Pode estar fingindo. Pode ser louco.
- Não vejo nele traço algum de loucura. É um homem inteligente e perfeitamente são.
- Não sabemos o que aconteceu com ele durante tantos anos de reclusão - falou Mikhail, com um toque sinistro na voz - O ideal é manter a guarda. Agora vamos. Acho que já tratamos tudo por hoje.

Meu noivo beijou-me o rosto, e foi embora. Roberto me olhou torto.

- O que houve com ele?
- Eu não sei...

Despedi-me de Andolini com um sorriso triste, e fui para meu quarto.

Contemplava novamente o céu pela janela, e a lua alta indicava meia noite. Ou talvez mais. Ouvi, então, batidas suaves na porta. Elizabeth sorriu quando abri, e me entregou outra carta, indo embora em seguida. Abri o evelope. Outro pedido de Christian para me encontrar, no mesmo lugar.
Já em meu robe, apressei-me para vê-lo, encontrando-o ao pé da lareira, como da última vez. Ele sorriu, e me indicou a poltrona.

- Desculpe-me pelo que parece estar se tornando um mau hábito - ele sorriu gentilmente.
- Está tudo bem. Eu não estava dormindo.
- Suspeitei que não. Enfim... Apreciaram minha biblioteca?

Eu estremeci, mas não o suficiente para ser percebida. Como ele sabia...?
- Sim. Bastante ampla. Lembra muito a de minha casa.
- Claro. A excessão de alguns detalhes, como certos volumes de livros, eu presumo... - ele suspirou, parecendo cansado.
Eu o observei em silêncio, enquanto ele levantava de sua poltrona, e fitava a lareira. Nesse momento, eu podia jurar que vi algo mais em seus olhos.
- Sabe... - ele continuou, andando lentamente pela sala - Eu estou feliz. Havia muito tempo que eu não recebia visitas. E muito menos de um... "filho". Eu realmente o admiro por chegar a mim. Mas, mais do que isso... - Christian andou até as costas de minha poltrona, ficando atrás de mim - Eu o admiro... Por ser tão semelhante a mim. Por ter escolhido o mesmo caminho que eu escolhi.

Eu senti, pelo tom de voz, que Christian sorria. Mas não era o mesmo sorriso gentil de sempre. Respirei fundo, e fui direta.

- O que quer dizer?
Então, ele riu baixo. Estava se divertindo.
- Lembra como ele parecia estar sempre um passo além de vocês? Sempre sabendo aonde ir? - ele tocou meus ombros suavemente - Ele tinha visões. Visões causadas pela minha herança. Visões... Das minhas lembranças.

Senti meu rosto ficar ainda mais pálido que o normal. Então... Era isso? Por que ele escondeu isso de mim...?
Christian sorriu novamente. Aproximou-se de meu rosto por trás.

- Por que tão pálida...? Você não sabia...? Então... Deixe me falar-lhe mais um pouco - e então sussurrou - Eu decidi... Que vou ajudá-lo...

Reuni um pouco de coragem, tentando manter o controle. Não, ele não podia me ver abalada...

- Ajudá-lo?
- Sim - Christian afastou-se de mim, andando para a frente de minha poltrona. Curvou-se levemente, e passou os dedos pelo meu rosto, sorrindo. Seu sorriso se alargou, ao me sentir recuar - Você é tão linda... Linda como minha falecida esposa. E por que não seria...? Afinal... Vocês são da mesma espécie. Ambas... Criaturas de uma beleza... Imortal.

Senti uma pontada de dor no peito. As coisas começavam a fazer sentido. Um sentido macabro. Ele olhou de mim para a tela da esposa, suspirando.

- Estou apenas avisando, garota Von Klaus. Você terá o mesmo destino de minha esposa... Concederei ao meu filho o dom da imortalidade, e então... Seremos uma família - ele sorriu, olhando novamente para mim - Será minha recompensa. E você... É a peça chave para o nosso sucesso. Me surpreende que não tenha percebido antes. É tão inteligente... - e tocou meus cabelos, rindo. O medo deveria estar evidente em meus olhos - Mas foi tão facilmente ludibriada... Mikhail é mesmo, sem dúvida, meu descendente.

Incapaz de continuar ouvindo, levantei-me da poltrona de súbito, e corri de volta para o meu quarto, enquanto a voz de Christian ecoava em minha cabeça.
"Não nos entenda mal... Afinal, eu sempre amei a minha esposa. Mas algumas metas requerem alguns sacrifícios... E infelizmente, vocês foram nossas escolhidas...".

Fechei a porta do quarto, e desabei na cama, as lágrimas borrando minha visão. Não consegui dormir.

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