Fortes emoções na reta final dessa incrível saga!! Ahem... u.u
Bom leitores, fiquem aí com mais um capítulo! =***
No café da manhã do dia seguinte, Sophia não parecia muito animada, nem inclinada a conversar. Imaginei ser apenas um efeito do tempo enclausurada naquela mansão sombria. Mas logo teríamos mais respostas, ou então iríamos embora daquele lugar, que transbordava melancolia.
Ao fim da refeição, Christian me chamou, para uma conversa particular em seu laboratório. Assenti, animado por finalmente ter aquela fatídica conversa. Minha noiva, porém, pareceu abalada com a decisão de meu antepassado. Mas não falou nada a respeito, apenas me beijou a testa e disse:
_Boa sorte com ele, querido._e então eu desci, ao sagrado reduto de Christian.
O chão e as paredes eram impecavelmente limpos, imaculadamente brancos. Até mesmo o cheiro lembrava vagamente o de um hospital, porém os inúmeros animais e plantas que haviam ali contrastavam com toda a alvura daquele ambiente. Aves exóticas, diferentes de qualquer outra vista no mundo. Animais aparentemente selvagens, porém dóceis e leais ao seu mestre e criador. Algo de deixar Darwin com os cabelos em pé! Adentrei aquele ambiente, e Christian me levou até uma pequena sala anexada, que misturava laboratório e escritório. Sentei-me em uma das cadeiras, e Christian sentou-se, de frente para mim.
_O que você viu na outra sala, meu jovem, é a razão de minha existência, o motivo pelo qual estudei a vida inteira. Mas tudo isso você já sabe, não é mesmo? Bem, veja o maior problema das criações alquímicas simples...
Em silêncio, vi o processo, rápido e preciso, mas ao mesmo tempo, perturbador. Christian pegou pequenos vidros com substâncias diversas, e ia jogando-os sobre a escrivaninha freneticamente. Pegou então um punhado de areia, e jogou sobre a mesa, tocando a mistura com a ponta dos dedos. Símbolos surgiram por toda a mesa, e daquela mistura surgiu uma criatura rastejando. Bípede e escurecida, deu alguns passos vacilantes, e desabou novamente, voltando a ser meramente uma mancha sobre a mesa.
Engoli em seco, nauseado por aquela cena. Fitei o rosto de Christian, imperturbável como sempre.
_Triste, não acha?_disse ele, impassível_ A vida na alquimia comum tem um prazo de validade muito curto. Minerais, pedras preciosas, qualquer outra coisa é eterna, como um diamante, exceto a vida... Mas eu mudei isso, como pode ver. Mas como? Um elemento externo...
Fez então a mesma mistura sobre sua mesa, porém fez um pequeno corte em seu dedo, derramando algumas gotas de sangue sobre os elementos da criação. Ao tocar a combinação, uma pequena ave nasceu, como se tivesse acabado de sair de seu ovo. Era branca como um cisne, porém ainda muito pequena para dizer exatamente sua raça. Deu alguns passos, vacilante, porém logo se firmou, e começou a bicar a superfície da mesa, buscando alguma migalha para comer. Christian gentilmente pegou o pequeno animal, e colocou-o no chão, onde ele logo foi buscar a companhia dos outros animais. Observei, curioso. Onde aquilo ia parar?
Christian, como que lendo meus pensamentos, trançou os dedos de ambas as mãos, e encostou-se sobre a mesa, me olhando. Tomei coragem e perguntei-lhe:
_O que quis dizer com essa demonstração, Christian?
_Não percebeu ainda? Só estou dizendo a você que, para atingir a imortalidade, você precisa de um elemento externo. Só assim a manipulação da vida pode dar certo! Foi o que aprendi, em tantos anos de pesquisa.
_Então, bastam algumas gotas de sangue, para que eu possa...?
_Não, meu garoto. A imortalidade é um tesouro maior do que qualquer outro. As gotinhas de meu sangue que usei com aquele animal são suficientes para que ele viva uns dois ou três anos, se muito. A imortalidade é uma dádiva muito maior, e portanto, um sacrifício maior é exigido...
_Que tipo de sacrifício? _ao perguntar, algo em mim já sabia a resposta.
_Um corpo imortal. O coração pulsante de uma criatura imortal... A vida de sua vampira é exigida para o sucesso do ritual! Você fez bem em trazê-la até este ponto. Poderemos fazer o procedimento quando você estiver disposto, meu filho.
Senti como se as presas de uma cobra tivessem fincado em meu coração. Empalideci, sentindo-me fraco e impotente. Não, teria de haver outro jeito! Levantei-me, tomado por uma força que até eu mesmo desconhecia, e disse:
_De jeito nenhum, Christian! Ela é a razão para estar em busca da imortalidade! Se eu tiver que perdê-la para que me torne imortal, prefiro eu mesmo morrer!
Christian levantou-se calmamente, e sem qualquer aviso, deu-me um tapa no rosto.
_Criança insolente! Você não pode ser chamado de Kreuz! Não é forte o bastante para sacrificar aquilo que mais lhe é valioso, para um bem maior! Você poderia ser grande, se estivesse disposto a pagar o preço! Você me envergonha, Mikhail!
Dei as costas e saí, não sem antes dizer para mim mesmo, em voz baixa:
_Maldito velho, e eu ainda pensei que ele poderia me dar alguma solução real. Vou chamar todos, e vamos embora daqui agora mesmo!
Mas Christian tinha ouvido meu sussurro, e possuía seus próprios modos de impedir os meus planos.
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