quarta-feira, 24 de março de 2010

Crônica #31: Apathy

E aí, pessoas? Escrevendo na instiga! Agora, o finalzinho da saga Kreuz... Só mais um capítulo (que o Al fará a caridade de escrever assim que possível). Este, então, é o penúltimo capítulo da saga. É ler ou... Morrer na curiosidade! Apreciem com moderação ;x



Sentada em meu quarto, olhava as árvores e pássaros piando através da janela. Usava um vestido branco, com traços vitorianos, que me foi dado por Elizabeth. O silêncio anormal na casa, somado ao fato de Christian ter finalmente chamado Mikhail para uma conversa em particular apenas agravava, em minha cabeça, a sensação de que algo estava para acontecer.
Mikhail... Ele não pareceu, nem por um momento, perceber a angústia que se abatera sobre mim desde a noite anterior. E eu decidi que seria melhor assim. Se o que Christian falou fosse verdade, eu enfrentaria de cabeça erguida. A ilusão me fez feliz enquanto durou, e esse seria o preço a se pagar pela felicidade efêmera de nosso tempo enquanto noivos. No fim, talvez esse fosse desde sempre o meu destino: morrer, como todo Von Klaus, por seus ideais. Sem arrependimentos.
Foi então que ouvi barulhos lá fora. Alguém correndo, objetos caindo e se espatifando no chão, e, antes que pudesse concluir a razão de tanto movimento, virei-me para a porta e vi o próprio Christian me olhando, o semblante sereno.

- Como entrou aqui? A porta estava fechada - falei com certa frieza, mas já sabendo a resposta.
- Tenho meus próprios dons, herdados de minha amada esposa. Deve saber melhor o que aqueles de seu povo podem fazer. Mas agora... - ele se aproximou calmamente, e me tomou pela mão. Levantei sem me opor - É chegada a hora. É uma boa menina... Prometo que serei rápido, para que não tenha tempo de sofrer.

Ouvi então batidas fortes na porta, e alguém arfando do outro lado.
- Sophy? Sophy! Está me ouvindo? Abra! Vamos embora daqui! Agora!

Mikhail... Estaria ele tentando continuar a me enganar? Fingir até o final? Já não me importava mais. Apenas sorri de forma triste, enquanto Christian passava um dos braços pela minha cintura, gesticulando com o outro em direção à porta.

- Vamos reunir todos aqui... Todos prestigiando o meu filho.

A porta abriu-se com um clique, e Mikhail avançou por ela, seguido por um perplexo Roberto. A expressão dele era de transtorno, que se converteu em medo, ao me ver acompanhada de seu antepassado. Tinha a espada em mãos, e percebi que apertava-lhe o punho com força. Logo o medo transformou-se em ira.

- Solte-a! Eu já falei, eu me recuso a fazer parte disso! Recuso-me a ser como você! Sophy... Lute! Vamos embora... Sei que pode se soltar dele...
- Eu não vou fazer isso... - e nesse momento, meus olhos se encheram de lágrimas - Não era o que você queria, desde o início? Ser imortal? Então aceite o meu sacrifício...
- Não... Sophia... Não assim. A única razão que me faria querer ser imortal é ficar com você. Sem você, isso não faz sentido! Eu... Prefiro morrer a vê-la ferida... Ou pior...
- Não, meine liebe... - as lágrimas finalmente rolaram pelo meu rosto, e eu sorri - Se é assim... Por que você escondeu de mim que tinha visões? Por que ficou distante desde que chegamos aqui...?
- Sophy... Eu não quis...!
- Pode parar de fingir. Eu já sei de tudo... E eu... Fui muito feliz, não me arrependo de nada que vivemos juntos. E no fundo... Eu continuarei a viver, dentro de você...

Vi uma lágrima escorrer pelo rosto de meu noivo. Ele parecia sofrer... Mas era tudo falso. Deveria ser. Pensei ter sentido Christian suspirar brevemente, mas ele não se abalou. Chamou Elizabeth, e esta apareceu das sombras, trazendo, em sua bandeja, uma adaga de prata pura cravejada de rubis, que formavam o símbolo da Rozenkreuz.

- Eu não vou deixar...! - Mikhail avançou em direção a nós, mas Elizabeth, sorrindo, fez um movimento com as mãos, e ele foi imobilizado. Debateu-se, mas parecia impossível soltar-se. Alquimia.
Christian inclinou-me em um de seus braços, e sorriu.

- Será rápido, meu filho. Em breve irá se acostumar e apreciar a imortalidade. Seremos uma linda família! - E o sorriso alargou-se sadicamente, enquanto levantava a adaga acima de mim. Por um breve momento, sorri, olhando para aquele que eu amava.

"Adeus... Meu amor. Eu te amarei... Para sempre. Por toda a eternidade que eu puder te oferecer..."

Fechei os olhos, nos momento em que senti o metal frio perfurar-me o peito. Tudo escuro. Não houve tempo de gritar.

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