sábado, 3 de outubro de 2009

Crônica #6: A Frightening Ally

Ok, final de semana, hora de arrumar a casa. Acho que vou publicar todos os capítulos já escritos de uma vez, pra só ficar atualizando à medida que os capítulos saem, ok, pessoas? Qualquer coisa, gritem :D





Minhas pesquisas seguiam de vento em popa. Os estudos avançavam de forma incrivelmente fluída, sem empecilhos ou erros nas fontes. Lá estava a história de Rozenkreuz, altamente difundida. Apenas me intrigava o fato de termos tão pouca informação sobre sua morte.
E nesse ponto, minha pesquisa se estagnou. Foi Sophia que deu um salto na minha frente, colocando uma nova hipótese ao mundo de possibilidades atuais. Afinal, desde a última semana, fomos convenientemente remanejados de dormitório, e passamos dias apenas pensando em diferentes caminhos. Foi então que ela disse, uma noite:
_E se fossem duas pessoas diferentes, Mika?
E eu simplesmente parei.

Parecera simples demais pra ser relevante, ou mesmo coerente. Passáramos tantas noites imaginando o que poderia ser, e aquela frase simples e espontânea me fizera parar. Realmente, era uma possibilidade. E se, ao invés de Christian Rozenkreuz, fosse simplesmente Christian & Rozen Kreuz? Afinal, meu sobrenome era simplesmente Kreuz... E nunca citaram, em nenhuma das lendas, uma esposa para Christian. Poderia ser a tal da Rozen, ou talvez fosse Rosen, ou simplesmente Rose... Mais centenas de possibilidades, que precisavam ser verificadas.
No final da semana seguinte, chegou a tão esperada carta do pai de Sophia. Por sorte, estava no quarto com ela quando colocaram a carta por debaixo da porta. Sophia sorriu pra mim, e então leu, em voz alta o bastante para que eu ouvisse:
_”Segue junto desta um caminho para vocês. Boa sorte, e até logo..”
Sophia olhou para dentro do envelope, e tirou duas passagens de avião, segurando-as entre os dedos. Sorriu pra mim, e disse:
_Bem, seria uma boa hora pra conhecer a minha família, não acha?
Não, eu não achava uma boa hora! Já estava completamente envolvido no mistério de Rozenkreuz, sua relação com o meu passado e minha maldição, e teria que conhecer o meu sogro. Obviamente, isso teria uma relação com todo o mistério, mas mesmo assim, seria totalmente assustador! Engoli em seco, e então disse:
_Ah... Está bem... E quando vai ser isso...?
Sophia estendeu uma das passagens pra mim, e eu vi a data marcada para a viagem: 12/07. Perfeito, bem na época das férias na Academia. Dava para ver que o pai de Sophia era extremamente organizado e inteligente. Ele tinha pensado em tudo, e respondeu a carta de sua filha em uma velocidade absurda. Olhei para ela, e ela sorriu, encostando em meu braço. Sussurrou:
_Sinto falta de casa...
Bem, em breve estaríamos lá. Era só questão de tempo...

As semanas foram passando, e as férias se aproximando, finalmente. Comecei a juntar todos os resultados das pesquisas, para levá-las comigo, afinal, sabe-se lá quando voltaríamos (se é que voltaríamos, porque, dependendo das respostas que recebêssemos ali, poderíamos ir em outra viagem, buscando mais e mais informações e respostas). Dias antes do início das férias eu já tinha as malas prontas. Fugiríamos na calada da noite, como fazíamos diversas vezes, afinal, nosso relacionamento ainda não era um fato público, de conhecimento de todos.
Minha última aula fora tranqüila, como a maioria passou a ser. Minha confiança crescera de forma assustadora, desde o início do exercício da profissão. Desejei boas férias para todos os meus alunos, e saí correndo da sala. Subi para o meu quarto, e Sophia já estava lá, falando ao telefone e resolvendo os últimos trâmites da viagem. Aguardamos o pôr-do-sol.

Agora que dividíamos o quarto era muito mais fácil escapar, pois não haviam mais olhares curiosos. Tomamos um vôo noturno no aeroporto, rumo à terra de Sophia, a Alemanha. Ela sorria para mim da poltrona ao lado, enquanto eu tentava planejar o que falar para o pai dela, meu sogro.
A viagem transcorreu com tranqüilidade e rapidez. Pela manhã pisamos em solo alemão, mais precisamente em Berlim. Ali, um carro já nos esperava. Aparentemente era o motorista da família, que ia nos levar até a casa de Sophia. Seguimos por uma estrada, quase saindo da cidade. E sobre um grande descampado despontava uma enorme casa toda em estilo século XIX, uma arquitetura linda e rebuscada, que me deixou deslumbrado. Sophia apontou para aquela casa, e disse:
_É ali, Mika...
Não estava surpreso, afinal, Sophia já me surpreendera tanto, que qualquer coisa que ela dissesse seria plausível e dentro dos termos que ela me apresentou naqueles últimos meses. Sem contar que até mesmo minha história recente era surpreendente demais para ser real.
Entramos por um portão lateral, e o motorista nos deixou na porta principal daquela mansão. Sophia entrou na frente, abrindo a porta com ambas as mãos, enquanto eu levava as malas para dentro, de forma desajeitada. Um homem alto e elegante esperava no hall de entrada, ao pé da escada para o segundo andar. Sophia correu para ele, abraçando-o respeitosamente.
_Meine vater..._disse ela, enquanto, por sobre seu ombro, ele me olhava. Eu, congelado, não conseguia nem soltar as malas que segurava. Mantive o contato com seus olhos, que eram assustadoramente intimidantes.
Sophia trouxe ele pela mão, enquanto sorria para mim. E eu, petrificado, consegui ensaiar um sorriso torto para ela. Ela então disse:
_Mikhail, este é meu pai, Friedrich Wolff. Pai, este é o Mikhail, a pessoa que comentei...
Friedrich não tirava os olhos de mim, quando estendeu a mão para mim. Apertei sua mão timidamente, gaguejando um “prazer em conhecê-lo”. Ele então sorriu, dizendo:
_Ele não parece nem um pouco com uma arma anti-vampiros...
Engoli em seco, e Sophia pareceu meio assustada. Eu olhei para meu sogro de forma resignada, e disse:
_Posso ser mais forte do que pareço, Sr. Friedrich...
Ele então abriu um largo sorriso, dizendo:
_Ótimo, garoto! Se consegue me desafiar de forma tão pouco respeitosa, acho que ainda não é forte o bastante, mas já é bastante forte! Enfim, é um prazer conhecê-lo, tenho certeza que teremos muito o que conversar.
Sophia respirou aliviada, e segurou minha mão, se postando ao meu lado. Friedrich então nos disse:
_Meine totcher, leve seu convidado ao quarto de hóspedes, enquanto eu peço para colocarem a mesa para o almoço lá fora. O dia está lindo, não acha?
Ela sorriu. Parecia realmente satisfeita em estar de volta ao lar e a família. Levou-me pelo lance de escadas, rumo ao segundo andar.
Rumamos para um belo e bem-cuidado jardim, onde uma mesa fora posta. Sentei-me ao lado de Sophia, que ainda segurava em minha mão firmemente. Seu pai sentou-se de frente para nós, e, enquanto aguardávamos a refeição, ele disse, sorrindo:
_Bem, acho que agora é uma boa hora para começarmos a tratar dos..."negócios"

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